BUSCANDO A CRISTO

BUSCANDO A CRISTO

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

 A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa p ‘ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Análise:

O soneto lírico é apresentado são decassílabos heroicos e o esquema rimático sege o padrão: ABBA ABBA (rimas intercaladas nos quartetos) CDC DCD (rimas alternadas nos tercetos).
O soneto todo o tempo usa metonímias que revolucionam as partes de Cristo ("braços", "olhos", "pés", "sangue", "cabeça", "cravos"), como se ele estivesse crucificado e também são empregadas anáforas no texto.
Também está evidente a presença da contradição amorosa, característica do barroco, no caso, o autor usa dois elementos contraditórios, o fogo e o gelo, para expressar suas emoções.
No ultimo terceto é percebido o desejo de união com Cristo, chamada de fusionismo, ou seja a manifestação do desejo humano de unir-se a Deus.

Está presente no texto o senso de pecado de Gregório e o temor diante da morte, em termos autobiográficos, essa faceta de pecador arrependido aparece nas poesias de Gregório já na fase final de sua vida, quando se encontrava mais próximo da morte, porque, em sua mocidade, fizera várias composições desafiando o poder divino.

Análise feita por: Ricardo Silvestre

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